terça-feira, 22 de setembro de 2015

20 de SETEMBRO - Se este é o modelo de Gaúcho, eu não sou!


Percebemos quando se aproxima o 20 de Setembro aqui no Sul do Brasil, quando milagrosamente um número significativo de pessoas mudam radicalmente suas atitudes. Começamos a ver afirmações nas redes sociais do tipo:

“A semana mais linda do ano”... florí minha timeline do facebook com legendas do tipo: “criado em galpão”, “amor por esse chão”, “amor pela tradição”, etc...

Neste afã de "amor à tradição", vejo peões e prendas buenachos em suas pilchas novas e, talvez algum índio veio, campeiro de raiz, poderia até ultrajá-los de “gauchitos de apartamento”, mas sem entrar neste mérito e, questionando aqui até mesmo o índio véio, me atrevo a perguntar: O que é ser Gaúcho? O que é ter amor pelo estado e tradição?

Ser Gaúcho é vestir a melhor e mais cara pilcha? No feitio do melhor pano, inflar o peito para brandar: que és ele criado em galpão? E passado os festejos, estes mesmos sujeitos nem se quer pensam antes de chacotear e ironizar os colonos que vivem da terra, tripudiando sobre estes que realmente foram criados em galpão e vivem da lida bruta. 



Ora, uma pilcha faz alguém mais gaúcho que aquele que veste um farrapo velho, pois é usado na lida diária do campo? Para quem ironiza no dia-a-dia que fala "erado", pelo seu jeito simples e por ter um jeito de falar que a cada dia se distancia mais da coloquialidade da cidade grande, podemos realmente acreditar que pessoas assim amam o Rio Grande?
E quantos brandam que tem amor por esse chão, mas vem devastando diariamente o estado com a monocultura e a agressividade dos agrotóxicos? Enchendo sua poupuda poupança ás custas "desta terra que amei desde gurí". Este sim, é mais gaúcho do que o pobre que vive seu dia a dia arrastado na labuta, peleando para pôr o prato de comida simples na mesa, e que no 20 de Setembro não tem dinheiro para comer em um Centro de Tradições Gauchescas, vulgo CTG? Me pergunto: Seriam estes menos ou nem gaúchos nestes tempos festivos?















E os negros ponta de lança, bravos peleadores nas lutas que nem suas eram, das guerrilhas farrapas, seus herdeiros lotam hoje os CTGs para comemorar as batalhas travadas? Nem gaúchos são?


E os que brandam amor pelo Estado, acima de tudo, no maior do louvor, e enchem a larga pança de carne gorda, em abundância exacerbante que daria para dar de comer a pelos menos uma família inteira. Ama tanto seu estado a tal ponto de comer além de seus limites e ver (ou fingir não ver) tantos de seus conterrâneos gaúchos famintos, este sim é o Gaúcho que ama o Rio Grande?

E os que batem, surram e ameaçam animais, e vangloriando-se que além de fazer isso com os animais, fazem também com as chinas, homosexuais e o que mais fora da “estirpe gaúcha” for.




Se este é o Modelo de Gaúcho, pautado por uma mídia interessada em vender e lucrar bilhões tripudiando os resgastes dos valores históricos desta sociedade, fomentando uma elite burguesa a se declarar o Simbolo do Rio Grande, se isto é ser gaúcho, não o sou!







Escrito por Victor Billy da Silva